quinta-feira, 11 de outubro de 2012




Postado por Empreendedorismo Rosa em: 10/10/2012 às 8:00

Uma grande ideia, um bom produto ou uma boa oportunidade, seja como for o começo desse negócio, quando ele acontece no ambiente familiar, merece um olhar cuidadoso e uma avaliação sensata.

Muitas vezes a vontade de trabalhar em casa surge da necessidade de atender e estar mais presente na vida dos filhos. Outras surgem da falta de capital para estabelecer um ponto para o negócio, ou mesmo de uma visão ainda pouco comercial do seu produto. Seja como for, o ambiente da casa favorece, mas também traz dificuldades nesse dia a dia.

Muitas mulheres começam a pensar em formas alternativas de gerar recursos e se satisfazerem, nesta fase da vida, exatamente por não se verem deixando seus filhos em casa ou numa creche. Neste momento, entre tantos afazeres e cuidados maternos, surge o tempo para pensar naquele projeto idealizado, ou mesmo naquela ideia que vem da sua vivência e necessidade atual. Surgem assim bons produtos e bons negócios.

Mas trabalhar em casa exige organização e disciplina além de, muitas vezes, colaboração. Os ganhos com flexibilidade de horário, menor stress com deslocamentos, maior economia e a proximidade familiar, muitas vezes esbarram em questões que podem gerar também frustrações e desgastes. Entram outros pontos que nem sempre observamos ou levamos em conta quando pensamos no home office. As interrupções domésticas, a falta de delimitação do tempo de trabalho, o espaço físico nem sempre adequado e específico para sua atividade e o isolamento profissional apresentam-se como desafios. Todo e qualquer negócio exige regras que são necessárias para uma boa produtividade e tais regras, quando negligenciadas, colocam em risco o seu produto ou a sua capacidade de transformar sua ideia num negócio.

Enquanto sua atividade é apenas um passatempo ou ganho extra, sua preocupação com esses pontos não chega a tirar seu sono nem a comprometer sua produção, mas quando o seu produto torna-se, de fato, um bom negócio e passa a exigir uma maior disponibilidade e atenção de sua parte, surge a necessidade de profissionalizar seu ambiente de trabalho e buscar mecanismos para viabilizar sua expansão.

E como fica a profissional – mãe neste momento? Vivencia sentimentos conflitantes, pois sua escolha, por um trabalho que a deixasse disponível para os filhos, agora exige tempo e atenção que a coloca de novo neste dilema. A quem atender e que tamanho dar ao trabalho quando sua opção foi à proximidade com a casa e a família? Sente-se roubando espaço da família ou roubada no tempo para sua empresa. Os boicotes inconscientes podem surgir e inviabilizar o negócio, gerando frustrações e cobranças.

Quando o negócio cresce em casa e exige mais comprometimento é chegada a hora do envolvimento de outros parceiros para que a mulher possa conciliar todas essas funções. Surge então o marido, a irmã, a mãe, ou mesmo alguém de fora, uma amiga ou uma sócia. Nasce assim uma parceria e uma nova dimensão da empresa, que ainda pode estar em casa, mas já olhando para o mundo.

A mulher, neste lugar, precisa saber limitar, delegar, mandar, barrar, correr riscos e para tal precisa estar em equilíbrio consigo mesma e ciente do seu desejo como empreendedora. Sua postura e sua atitude precisam corresponder ao seu desejo de avançar neste campo, mesmo sabendo que terá que sacrificar parte do seu tempo e atenção a sua família. Seu olhar deve estar à frente, nos benefícios e ganhos que se reverterão para sua família, assim como ao seu prazer; mesmo que ciente das faltas inevitáveis que deixará neste terreno. Avança como empreendedora aquela mulher que consegue lidar com sua culpa, minimizar suas angústias, delegar responsabilidades e equilibrar seu tempo. Outras se tornam apenas mães prendadas.

Vânia Vidal de Oliva é Psicóloga Clínica, Psicanalista com mais de 25 anos de experiência no atendimento de adolescentes, adultos e na orientação familiar. Atua hoje na Clinica Casa do Crescer na cidade de Curitiba.