Postado por Empreendedorismo Rosa
em: 10/10/2012 às 8:00
Uma grande ideia, um bom produto ou uma boa oportunidade, seja como for
o começo desse negócio, quando ele acontece no ambiente familiar, merece um
olhar cuidadoso e uma avaliação sensata.
Muitas vezes a vontade de trabalhar em casa surge da necessidade de
atender e estar mais presente na vida dos filhos. Outras surgem da falta de
capital para estabelecer um ponto para o negócio, ou mesmo de uma visão ainda
pouco comercial do seu produto. Seja como for, o ambiente da casa favorece, mas
também traz dificuldades nesse dia a dia.
Muitas mulheres começam a pensar em formas alternativas de gerar
recursos e se satisfazerem, nesta fase da vida, exatamente por não se verem
deixando seus filhos em casa ou numa creche. Neste momento, entre tantos
afazeres e cuidados maternos, surge o tempo para pensar naquele projeto
idealizado, ou mesmo naquela ideia que vem da sua vivência e necessidade atual.
Surgem assim bons produtos e bons negócios.
Mas trabalhar em casa exige organização e disciplina além de, muitas
vezes, colaboração. Os ganhos com flexibilidade de horário, menor stress com
deslocamentos, maior economia e a proximidade familiar, muitas vezes esbarram
em questões que podem gerar também frustrações e desgastes. Entram outros
pontos que nem sempre observamos ou levamos em conta quando pensamos no home
office. As interrupções domésticas, a falta de delimitação do tempo de
trabalho, o espaço físico nem sempre adequado e específico para sua atividade e
o isolamento profissional apresentam-se como desafios. Todo e qualquer negócio
exige regras que são necessárias para uma boa produtividade e tais regras,
quando negligenciadas, colocam em risco o seu produto ou a sua capacidade de
transformar sua ideia num negócio.
Enquanto sua atividade é apenas um passatempo ou ganho extra, sua
preocupação com esses pontos não chega a tirar seu sono nem a comprometer sua
produção, mas quando o seu produto torna-se, de fato, um bom negócio e passa a
exigir uma maior disponibilidade e atenção de sua parte, surge a necessidade de
profissionalizar seu ambiente de trabalho e buscar mecanismos para viabilizar
sua expansão.
E como fica a profissional – mãe neste momento? Vivencia sentimentos
conflitantes, pois sua escolha, por um trabalho que a deixasse disponível para
os filhos, agora exige tempo e atenção que a coloca de novo neste dilema. A
quem atender e que tamanho dar ao trabalho quando sua opção foi à proximidade
com a casa e a família? Sente-se roubando espaço da família ou roubada no tempo
para sua empresa. Os boicotes inconscientes podem surgir e inviabilizar o negócio,
gerando frustrações e cobranças.
Quando o negócio cresce em casa e exige mais comprometimento é chegada a
hora do envolvimento de outros parceiros para que a mulher possa conciliar
todas essas funções. Surge então o marido, a irmã, a mãe, ou mesmo alguém de
fora, uma amiga ou uma sócia. Nasce assim uma parceria e uma nova dimensão da
empresa, que ainda pode estar em casa, mas já olhando para o mundo.
A mulher, neste lugar, precisa saber limitar, delegar, mandar, barrar,
correr riscos e para tal precisa estar em equilíbrio consigo mesma e ciente do
seu desejo como empreendedora. Sua postura e sua atitude precisam corresponder
ao seu desejo de avançar neste campo, mesmo sabendo que terá que sacrificar
parte do seu tempo e atenção a sua família. Seu olhar deve estar à frente, nos
benefícios e ganhos que se reverterão para sua família, assim como ao seu
prazer; mesmo que ciente das faltas inevitáveis que deixará neste terreno.
Avança como empreendedora aquela mulher que consegue lidar com sua culpa,
minimizar suas angústias, delegar responsabilidades e equilibrar seu tempo.
Outras se tornam apenas mães prendadas.
Vânia Vidal de Oliva é Psicóloga Clínica, Psicanalista com
mais de 25 anos de experiência no atendimento de adolescentes, adultos e na
orientação familiar. Atua hoje na Clinica Casa do Crescer na cidade de
Curitiba.