sábado, 30 de abril de 2016


Sobre o amadurecer e o voar dos filhos



Criamos filhos acreditando que ganharão a suas vidas assim que completem seu ciclo de estudos e encontrem seus parceiros e profissão. Antigamente filhos buscavam o mais breve possível sair de casa e dar início a sua vida pessoal, profissional e relacional. Mas como o passar do tempo e as mudanças na criação e de vários padrões de comportamento e exigências, transformaram muitos desses jovens em filhos paralisados, descompromissados e pouco responsáveis pelo seu futuro e com suas subsistências.

Tenho recebido depoimentos de várias mães que não sabem o que fazer com seus filhos, jovens adultos, que parecem não amadurecer para a vida e para o trabalho. A maioria completa os estudos, mas nem sempre se sentem prontos para começar a vida profissional, ou não conseguem encontrar trabalho que julguem bom o suficiente ou com remuneração satisfatória.

Filhos que nem por isso se sentem compromissado para buscar novas oportunidade e que muitas vezes vivem como se não tivesse nenhuma responsabilidade com sua própria vida. Muitas vezes responsabilizam os pais pelo seu insucesso e cobram dos mesmos a manutenção de suas necessidades materiais, essas nem sempre somente as básicas.

Mas quais as razões que levam jovens a essa paralisação ou a essa falta de compromisso consigo mesmos? São vários os fatores que levam a esses comportamentos e nem sempre podemos afirmar que a culpa é apenas dos jovens.

Mudamos a forma de educar os filhos, facilitamos e protegemos muitos os mesmos dos problemas que têm que enfrentar e criamos condições muito confortáveis para que os filhos permaneçam em casa muito além do que precisam. Crescer é uma escolha tanto dos pais que “empurram” os filhos para a vida, assim como dos filhos de escolher assumirem sua autonomia e responsabilidade.

Além disso mudou a sociedade, onde mulheres casavam cedo e saiam de casa para construir sua família e deixavam seu desenvolvimento profissional para segundo plano e os homens buscavam seus empregos para sustentar sua família que logo constituíam.

O desenvolvimento profissional passou a ter maior relevância e prioridade para homens e, principalmente para mulheres, o que levou a construção familiar para um segundo momento e um aperfeiçoamento profissional mais longo e continuo.

Por outro lado, a dificuldade na busca de um emprego, a falta de experiência e uma remuneração nem sempre satisfatória aos olhos dos jovens que sempre tiveram um consumo alto financiados pelos pais, geram uma falta de interesse e motivação para a busca de sua independência profissional, financeira e emocional.

Uma geração que permanecem sob o teto dos pais usufruindo dos benefícios oferecido por esses que, nem sempre estão satisfeitos com essa condição. Pais que também sofrem, muitas vezes calados, com a sobrecarga financeira ou com a tristeza de ver seus filhos paralisados e impotentes frente a vida.

Por outro lado, alguns pais, passam a ver a permanência dos filhos como uma garantia de companhia e segurança, financiando e patrocinando sua permanência mesmo sem perceber o imenso prejuízo a que seus filhos ficam submetidos, já que o não voo destes e os desafios e conquistas inerentes a essa trajetória não se transformam em experiência e crescimento.

Muitos são os fatores que podem determinar tais condições de ambos os lados, como fatores econômico, profissionais, separações, imaturidades, medos, dependências emocionais entre outras. Alguns filhos voarão em algum momento, mesmo que tardiamente, outros permanecerão como filhos eternos. 

A ironia está em acreditar que não se bate assas e voa-se por falta de condições e experiências. É no voar e arriscar-se que ganhamos força para buscar novos horizontes e novas dimensões para nossa própria vida.



 Vânia Oliva - Psicóloga da Casa do Crescer, com experiência clínica de 30 anos. Colunista  dos  sites  Maezíssima e Markentista


domingo, 10 de abril de 2016


Você sabe o que é Acompanhamento Terapêutico?


Acompanhamento Terapêutico (a.t.), refere-se de um atendimento na modalidade clínica, cujo 'setting' terapêutico se diferencia do tradicional por tratar-se de necessidades e dificuldades de relacionamento e convívio social, advindos de comprometimentos diversos, entre eles, limitações físicas, sensoriais, emocionais e/ou de aprendizagem.

O foco do trabalho baseia-se na ação, ou seja, quebrar as barreiras limitadoras, tornando-as facilitadoras. As atividades devem ser exercidas, preferencialmente, sob três premissas: 

- acompanhamento (nos ambientes necessários);

-diálogo com a família;

- trabalho em equipe.

Essa atuação, começou com os movimentos político-ideológicos da Antipsiquiatria e da psicoterapia institucional, buscando propostas psicanalíticas e a análise do comportamento, almejando pacientes fora de instituições, inseridos na sociedade.

O papel do a.t. é atuar como agente facilitador, auxiliando de maneira em que a criança/adolescente/adulto (sim, adultos também podem receber o acompanhamento terapêutico), consiga dar conta da demanda destinada a ela, seja:

- brincar com amigos no parquinho da escola;

- fazer atividades em sala de aula;

-  ir ao parque ou ao cinema;

- atividades do dia a dia em casa.

Mas quem necessita de acompanhamento terapêutico?

- crianças/adolescentes em período escolar, que apresentem dificuldade de socialização, comunicação ou ainda dificuldades de aprendizagem (aqui, no ambiente escolar, o a.t. tem importantíssimo papel de atuar juntamente com professores, pedagogos e psicólogos, uma vez que muito provavelmente será o responsável por adaptar materiais (provas e trabalhos), de maneira que a demanda esteja correspondente às habilidades pertencentes e capacidades do aluno);

- crianças/adolescentes/adultos que apresentem dificuldade na realização de atividades domiciliares diárias (organização de rotina e compras, por exemplo);

- crianças/adolescentes/adultos que apresentam dificuldade de socialização que os impossibilitem do convívio social (como ir ao shopping, ao cinema, ao parque, ao teatro);

- entre outros.

E quem tem direito ao acompanhante terapêutico?

- crianças dentro do Espectro Autista, regido pela Lei n.12.764 de 2012, artigo 3º parágrafo único

- pessoa com deficiência, regido pela Lei n.13.146 de 2015, artigo 3º parágrafo XIII 





Texto por: Géssica C. Conor - Terapeuta ocupacional CREFITO 8/16634