sábado, 16 de julho de 2016

COMO O BRINCAR DA PRIMEIRA INFÂNCIA INFLUENCIA O DESEMPENHO
GRAFOMOTOR?


Por: Géssica Cristina Conor, Terapeuta ocupacional 


A chegada da rotina escolar preocupa (e muito), grande parte dos pais de crianças
com deficiência. Além dos medos advindos de estrutura e sociais, também o
medo de ‘meu filho vai dar conta de realizar as atividades?’. Neste texto,
especificamente, vamos abordar como o brincar, ainda nos primeiros anos de
vida, tem influência sobre o desempenho motor e grafomotor da criança na
escola. 


Na maioria das vezes percebemos um problema apenas quando nos defrontamos
com a necessidade do conhecimento. Isso ocorre com as crianças quando iniciam
a escola, com o surgimento de dificuldades antes não percebidas. Desta maneira,
algumas habilidades devem ser vivenciadas para serem aprendidas, e quando a
necessidade de usá-las ‘bater à porta’, a criança possa acionar a memória,
obtendo seu melhor desempenho na atividade que lhe fora proposta. Lembrando
que são as EXPERIÊNCIAS as grandes responsáveis pelo processo de
aprendizagem e desenvolvimento. 


A saber, o processo de desenvolvimento motor se dá de maneira proximal para
distal (num exemplo simples, quando desejamos pegar algo, primeiramente
deslocamos o membro superior (braço) próximo ao objeto, para então acionar os
movimentos corretos da mão e dos dedos de acordo com o formato necessário
para agarrar o objeto, assim, membros proximais para membros distais). Os
primeiros ganhos motores, o ganho das chamadas habilidades essenciais,
envolvem habilidades motoras amplas, para então aprofundar/refinar o ganho
de habilidades motoras finas. 

Sendo assim, podemos listar atividades, que têm o papel de desenvolver
habilidades, a serem realizadas durante os momentos do brincar como: andar,
correr, caminhar transportando objetos grandes, arremessar, chutar, martelar,
alcançar objetos ao alto, caminhar sob linhas (retas, curvas), passar obstáculos
(como caixas no chão), subir na cadeira sozinho, abaixar, andar de skate (mesmo
que sentado), empurrar objetos e pular, sendo TREINADAS simultaneamente a
atividades como: manusear peças (grandes e pequenas), realizar encaixes (de
uma possibilidade, aumentando gradativamente), empilhar blocos, abrir e fechar
objetos, apertar/acionar botões, rosquear, retirar contas de barbante,
transportar objetos de uma mão para outra, encaixar metades (utilizando as duas
mãos), posicionar pinos, manusear grampos de roupa, furar isopor com
tachinhas, fazer pinturas a dedo (com tinta ou cola colorida), pintar livre com giz
de cera mais grosso, carimbar, rasgar e amassar (papeis, massinha), o essencial é
que as habilidades ampla e fina, sejam vivenciadas respectivamente, como em
circuitos de atividades. 


O brincar livre é importantíssimo, uma vez que, além de proporcionar um
momento independente, é nele onde se revelam as preferências e interesses da
criança. Porém, o brincar dirigido pode ter grandes ganhos quando entendido
como momento de estimulação e aprendizado, não apenas de diversão ou
ocupação, sempre respeitando as etapas de transição do desenvolvimento em
que a criança se encontra. 


Podemos perceber então, que o brincar, envolvendo a prática das atividades
citadas, pode ser um grande aliado no desempenho grafomotor, pois sutilmente
prepara a criança aos desafios escolares futuros que envolverão uma série de
habilidades, como equilíbrio, postura, lateralidade, pega e manuseio (lápis,
pincel, tesoura), tônus muscular (força necessária para segurar lápis, pincel, e
para realizar um traço forte), preensão e destreza, em conjunto com funções
cognitivas como concentração, atenção e memória.

 
Autora: Géssica Cristina Conor, terapeuta ocupacional formada pela Universidade Federal do Paraná, pós-graduanda em Neuroaprendizagem pela UNOPAR e pós-graduanda em Ensino Estruturado para Autistas pela INFOCO. Sócia e Fundadora da Consultoria SINAPSE consultoria em desenvolvimento infantil. Atua em clínica-escola para crianças do espectro do autismo, em sala de aula regular com criança com necessidades especiais e em consultório, com foco em crianças com transtornos do desenvolvimento.
Terapeuta Ocupacional na Casa do Crescer.